Quantos filhos da puta mandam no mundo,
perguntaste ontem,
a mesa cheia e um medo diluído no ar,
quantos filhos da puta mandam no mundo,
repetiste,
eu comecei então a contagem,
e ainda não a acabei,
desculpa.
o diário de um humano
por pedro chagas freitas
segunda-feira, 27 de abril de 2015
quinta-feira, 16 de abril de 2015
(4)
Lá fora o cinzento do céu cola com cuspo a ocupação das pessoas. A vida acontece e é tão pouca. Gostava de envelhecer só para deixar de ser ignorante. Mas envelhecer mata.
(3)
Quem inventou esta merda não sabia o que
fazia mas fez o que pôde. Se Deus existir vou adorar ensinar-lhe a impotência.
Mostrar-lhe que a impossibilidade nos faz voar. E que é a ocorrência de mágoas
a representação da perfeição.
(2)
Demora mais um beijo do que uma bala. A velocidade de
deslocação do abraço é tão lenta. Talvez tudo seja pensado para acabar. A
eternidade dava mais trabalho, parece-me evidente.
(1)
Fala-se para que o ruído impeça as lágrimas. As palavras são
manobras de diversão. Deus é a existência de silêncio, o espaço exacto por onde
a dor entra e sai com a mesma destreza. É imperioso calar como é imperioso
existir. Esquecer não é uma possibilidade; é uma necessidade. Quando era
pequeno os adultos eram apenas ambições inacabadas. Ainda são.
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